31 março, 2011

Fernando Pessoa .

Considera-se que a grande criação estética de Pessoa foi a invenção heteronímica que atravessa toda a sua obra.  Os três heterónimos mais conhecidos (e também aqueles com maior obra poética) foram Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro. Um quarto heterónimo de grande importância na obra de Pessoa é Bernardo Soares, autor do Livro do Desassossego, importante obra literária do século XX
Através dos heterónimos, Pessoa conduziu uma profunda reflexão sobre a relação entre verdade, existência e identidade.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------
Dizem que finjo ou minto

Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.

Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.

Por isso escrevo em meio
Do que não está de pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!


A Riqueza - Miséria do Reino

"Toda a riqueza do Oriente passava apenas por Portugal e ía fomentar trabalho estrangeiro,que nos fornecia de todas as coisas.
As fomes sucediam-se e era necessário endividar-se a Coroa para comprar cereais no mercado da Flandres.
Em 1521 o aperto da fome foi tal que os pobres , correndo em bandos para Lisboa , caíram rendidos de forças pelas estradas, e ali jaziam sem sepultura. Em 1543 deviam-se na Flandres  somas enormes.
Tal a realidade que se encobria sob uma mascarada permanente : de dia eram os triunfos da rua e o rei passeando acompanhado de animais exóticos;eram os músicos e  cantores de todas as partes do universo,os cortejos em que luziam os rubis e os diamantes , as safira e as esmeraldas; onde se galhardeavam as sedas da Pérsia e os tecidos de Bengala,os veludos , as rendas, os anéis; de noite eram os folguedos no Tejo e os serões no Paço, afamados por toda a Europa...Entretanto,morria-se de fome sob os alpendres de Lisboa; eram estrangeiros os artífices , os barbeiros, os sapateiros ; muitos mil órfãos e viúvas de pereciam na ociosidade; e o fidalgote que se exibia na rua, com mula ajaezada de ouro e muitos lacaios agaloados, recorriam ao jejum de portas adentro. D. Manuel mandava procurar trabalhadores no estrangeiro e até bombardeiros e operários de construção naval. Muitos dos navios que se empregavam no tráfico não eram construídos no país..."( Breve Interpretação da História de Portugal - António Sérgio )

Causas da decadência dos povos peninsulares

Tais temos sido nos últimos 3 séculos: sem vida , sem liberdade,sem riqueza,sem ciência,sem invenção,sem costumes.Erguemo-nos hoje a custo, Espanhóis e Portugueses, desse túmulo onde os nossos grandes erros nos tiveram sepultados . Erguemo-nos mas os restos da mortalha ainda nos embaraçam os passos ,e pela palidez dos nossos rostos podem bem ver o mundo de que regiões lúgubres e mortais chegámos ressuscitados!
Quais as causas dessa decadência , tão visível, tão universal e geralmente tão pouco explicada?(...)
Ora esses fenómenos capitais são três, e de três espécies: um moral, outro político, outro económico.
O primeiro é a transformação do catolicismo, pelo Concílio de Trento.
O segundo,o estabelecimento do absolutismo, pela ruína das liberdades locais.
O terceiro, o desenvolvimento das conquistas longínquas(descobrimentos).
Estes fenómenos assim agrupados, compreendendo os três grandes aspectos da vida social, o pensamento, a política e o trabalho, indicam-nos claramente  que uma profunda e universal revolução se operou, durante o século XVI, nas sociedades peninsulares  .
Se fosse necessária uma contraprova, bastava considerarmos o facto contemporâneo muito simples: esses três fenómenos eram exactamente o oposto dos três factos capitais,que se davam nas nações que cresciam,se moralizavam,se faziam inteligentes,ricas e poderosas,e tomavam a dianteira da civilização.
Aqueles três factos civilizadores foram a liberdade moral,conquistada pela Reforma ou pela filosofia; a elevação da classe média , instrumento do progresso nas sociedades modernas e directora dos reis até ao dia em que os destronou; a indústria, finalmente,verdadeiro fundamento do mundo actual,que veio dar às nações uma concepção nova do direito,substituindo o trabalho à força, e o comércio à guerra de conquista.
Ora a liberdade moral, apelando para o exame de consciência individual,é rigorosamente o oposto do catolicismo do Concílio de Trento, para  quem a razão humana e o pensamento livre são um crime contra Deus.; a classe média, impondo aos reis os seus interesses , e muita vezes o seu espírito, é o oposto do absolutismo,esteado na aristocracia e só em proveito dela governado; a indústria, finalmente, é o oposto do espírito de conquista, antipático ao trabalho e ao comércio.  
Assim,enquanto as outras nações subiam , nós baixávamos .Subiam elas pelas virtudes modernas; nós 
descíamos pelos vícios antigos,concentrados,levados ao sumo grau de desenvolvimento e aplicação.
Baixávamos pela indústria, pela política. Baixávamos sobretudo,pela religião.(...) 
As causas ,que indiquei, cessaram em grande parte: mas os efeitos morais persistem, e é a eles que devemos atribuir a incerteza, o desânimo o mal estar da nossa sociedade contemporânea(...)
Gememos sob o peso dos erros históricos.A nossa fatalidade é a nossa história.
Que é pois necessário para readquirirmos o nosso lugar na civilização ? Para entrarmos outra vez na comunhão da Europa culta? É necessário um esforço viril,um esforço supremo: quebrar resolutamente com o passado. Respeitemos a memória dos nossos avós(...)

(Antero de Quental, Causas da Decadência dos Povos Peninsulares nos Últimos três Séculos)

28 março, 2011

Visita do Príncipe Carlos a Portugal

O príncipe Carlos e a sua esposa chegaram hoje a  Portugal.
As relações comerciais ,as energias renováveis e o mar são os temas da viagem.
Hoje ele e a sua esposa foram recebidos pelo presidente Cavaco e Silva , no Palácio de Belém e ainda visitaram a Base  Naval do Alfeite.
Hoje à noite será oferecido um banquete no Palácio de Queluz.
Amanhã,estão previstas as visitas a Sintra e a Évora e depois seguirão para Espanha

História de uma folha de Trevo

Arquivo de Fotografia - trevo, flor. fotosearch 
- busca de fotos, 
imagens e clipartEra um Trevo que sonhava ser uma Rosa.
Ninguém queria a folha de Trevo.
Um jardim de Rosas murchou.
Um dia  uma criança apanhou a minha folha de trevo tendo-a colocado no seu livro.
Assim a Flor de Trevo ficou eternamente no seu livro!