31 março, 2011

A Riqueza - Miséria do Reino

"Toda a riqueza do Oriente passava apenas por Portugal e ía fomentar trabalho estrangeiro,que nos fornecia de todas as coisas.
As fomes sucediam-se e era necessário endividar-se a Coroa para comprar cereais no mercado da Flandres.
Em 1521 o aperto da fome foi tal que os pobres , correndo em bandos para Lisboa , caíram rendidos de forças pelas estradas, e ali jaziam sem sepultura. Em 1543 deviam-se na Flandres  somas enormes.
Tal a realidade que se encobria sob uma mascarada permanente : de dia eram os triunfos da rua e o rei passeando acompanhado de animais exóticos;eram os músicos e  cantores de todas as partes do universo,os cortejos em que luziam os rubis e os diamantes , as safira e as esmeraldas; onde se galhardeavam as sedas da Pérsia e os tecidos de Bengala,os veludos , as rendas, os anéis; de noite eram os folguedos no Tejo e os serões no Paço, afamados por toda a Europa...Entretanto,morria-se de fome sob os alpendres de Lisboa; eram estrangeiros os artífices , os barbeiros, os sapateiros ; muitos mil órfãos e viúvas de pereciam na ociosidade; e o fidalgote que se exibia na rua, com mula ajaezada de ouro e muitos lacaios agaloados, recorriam ao jejum de portas adentro. D. Manuel mandava procurar trabalhadores no estrangeiro e até bombardeiros e operários de construção naval. Muitos dos navios que se empregavam no tráfico não eram construídos no país..."( Breve Interpretação da História de Portugal - António Sérgio )

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